sexta-feira, 28 de maio de 2010


Eu pago imposto... e você?

Fim do período de aulas, os alunos arrumam seu material para se retirar da sala. De repente alguns alunos iniciam uma bagunça, uma correria atirando papéis amassados uns nos outros o que termina por derrubar algumas mesas. O professor presente tenta coibir tal ação, mas antes que pudesse fazer alguma coisa, ela já tinha acontecido. Então ordena que se acalmem, recolham os papéis amassados jogados no chão e levantem as mesas derrubadas. Qual não foi sua surpresa quando um destes alunos respondeu que: "Eu pago impostos, não tenho que limpar sala de aula!" O professor faz a réplica dizendo que: "Ninguém é pago para ficar atrás de você, limpando a sujeira que você faz! O aluno calou-se, levantou uma única mesa (aquela que ele achava que era de sua responsabilidade) e saiu sem recolher papel nenhum. Outros alunos levantaram outras mesas e uma permaneceu virada, porque ninguém se achou responsável por ela. Os bons alunos desta sala são obrigados a conviver com esta realidade.

Bullying contra alunos especiais

Sala do sétimo ano do ensino fundamental. O aluno especial é atormentado por um grupo de alunos e, cercado, é colocado dentro da lata de lixo da sala de aula durante a troca de professores...
O aluno especial é incentivado por um grupo de alunos a se auto flagelar, batendo sua cabeça contra a carteira, enquanto os "mandantes" se divertem com a cena.
O aluno especial é incentivado pelos mesmos alunos a ter comportamentos inadequados, como agarrar as meninas, para que ele seja advertido pela direção da U.E.
Os alunos que protagonizaram estes episódios são alunos de classe média, bem vestidos, com aparelhos eletrônicos que poucos podem adquirir, mas que não conhecem limite algum. Os professores desta turma mal conseguem trabalhar. Alguns se afastaram por problemas de saúde (em geral de ordem emocional, depressão, stress) .

Comportamentos violentos nos primeiros anos de escola

Horário de saída da escola. Os alunos se dirigem ao portão. Uma professora observa seus alunos saindo quando percebe que um deles está sendo cercado por outros três ainda dentro dos muros da escola. Eles pedem dinheiro e fazem ameaças; puxam a mochila, empurram o menino. A professora corre para defender seu aluno e espantar os agressores. Eles não desistem... subtraem a mochila do garoto e saem correndo dizendo nomes feios para o menino que corre também para recuperar sua mochila. Aos gritos a professora ordena que devolvam a mochila, que acabam jogando para o lado e saem correndo e xingando. Saem pelo portão onde está um agente escolar que, pela distância, não percebeu o ocorrido e não barrou os alunos agressores. Detalhe: os alunos agressores são do segundo ano contra um menino do primeiro ano, ambos do ensino fundamental I. No dia seguinte os alunos são localizados em suas salas de aula e são advertidos pelo ocorrido e negam veementemente que tenham feito tais coisas. Como há testemunhas a advertência é feita e os pais são convocados para uma conversa. Isto não evitou outras ocorrências de agressão pelos mesmos alunos a outros alunos da .E..

Professores adoecendo

Ultimamente uma professora de uma U.E. tem trabalhado com problemas sérios na voz. Foi ao médico, recebeu orientação para afastar-se das aulas por um período para tratar de sua saúde. Ela não deseja afastar-se de suas atividades, pois isto representa perdas econômicas e funcionais e, além disto é comprometida com seu trabalho. Está trabalhando mesmo doente. Sua sala é composta por 35 alunos. Dentre estes há oito que nada fazem e ainda atrapalham os outros que estão estudando. Estes oito alunos conseguem destruir as aulas; não respeitam colegas, a professora, a equipe gestora, nem os próprios pais. Não há nada o que se possa fazer de mais concreto. Alguns deles estão sendo encaminhados para o conselho tutelar, mas a experiência tem mostrado que de nada adianta também este encaminhamento. É uma batalha todo dia enfrentar esta sala de aula! E os outros alunos estão sendo preudicados, pois não conseguem trabalhar com tanto tumulto dentro de sala de aula; são objetos atirados em suas cabeças enquanto fazem lição, material que é subtraído pelos alunos sem consentimento do dono, desrespeito aos direitos e à integridade física, enfim, uma "terra de ninguém". E nós, professores vivemos nesta realidade, tentando fazer nosso trabalho que amamos, mas que não prospera devido a essas condições a que somos submetidos todos os dias. Lamentamos pelos alunos que desejam aprender e sofremos por eles, pois nosso desejo é contribuir para sua formação.
Vivemos o momento da inclusão social. Isto é muito bom, pois permite o acolhimento daqueles que sofrem a segregação por limitações físicas, motoras ou cognitivas. É muito bom poder dar oportunidade a quem dela necessita para se desenvolver plenamente, com dignidade e segurança. Nós professores acreditamos no valor desta iniciativa.